A transição do processo de recrutamento tradicional para o formato digital está acontecendo já há tempos. Porém, após as transformações repentinas no cenário econômico global, onde a adaptação rápida e certeira é essencial, tais mudanças têm ocorrido com ainda mais rapidez.
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Esse contexto agilizou o caminho da área para um futuro mais tecnológico e digital. Já é de conhecimento geral, por exemplo, que a inteligência artificial no recrutamento é forte influência em como as empresas passarão a recrutar e selecionar talentos nos próximos anos.
Entretanto, a tecnologia não é a única mudança: o fator humanitário terá grande impacto e sofrerá evoluções no futuro do recrutamento.
A situação atual do recrutamento
A pandemia do coronavírus no ano de 2020 forçou parte das empresas a adaptar seus processos de recrutamento. Sendo assim, entrevistas, testes e aplicações para vagas não puderam mais ocorrer presencialmente. Dessa maneira, o modelo digital foi adotado às pressas pelos setores de Recursos Humanos de todo o país.
Mas a digitalização desse processo, que era encarada como uma solução momentânea, mostrou-se como forte aliada estratégica. Afinal, com um processo 100% online, é possível encontrar profissionais de todo o país, aumentando a diversidade empresarial, melhorando o alinhamento e agilizando a seleção de talentos em muitas horas.
“O RH é uma área super estratégica, com diversos dados que podem ser trabalhados, e que cuida do maior ativo da empresa, que são pessoa. Mas sempre esteve ‘de lado’, e as tecnologias ofertadas para essa área eram muito complexas, engessadas, sem preocupação com usabilidade, uso de People Analytics”, analisa Mariana Dias, CEO da Gupy.
Atualmente, o recrutamento passa por um momento de transição. Diversas organizações, além de estarem voltando a contratar, mudaram também seus objetivos estratégicos, fazendo com que o mercado exigisse por perfis específicos e extremamente alinhados a cultura empresarial.
Nesse sentido, o recrutamento tem migrado para o modelo digital para suprir essas necessidades estratégicas das empresas de forma ágil e eficiente. E, além disso, também é a forma que o RH encontrou de dar mais visibilidade aos candidatos, ao mesmo tempo que melhora a experiência de seleção.
Aliás, visibilidade essa que é uma dor já apontada pelos candidatos. Segundo pesquisa da PwC, Future of Recruiting, 65% dos candidatos gostariam que as organizações tivessem um painel para que pudessem ver onde estão no processo. Além disso, 44% dos candidatos disseram que estão abertos para usar opções de automação e tecnologia para pontos de contato de rotina e para obter informações durante o processo de recrutamento.
O futuro do recrutamento
Os acontecimentos de 2020 evidenciaram as necessidades de um recrutamento mais ágil, humano e certeiro. E para isso, além de tecnologia direcionada para a resolução das dificuldades do RH, é também necessário construir uma experiência valiosa e uma cultura forte e relacionável.
Nesse sentido, o RH tem direcionado seus esforços para construir algo duradouro, eficiente e com propósito. Há tempos o setor percebe uma mudança no comportamento dos candidatos: salário não é mais o fator-chave de decisão, agora valores intangíveis, como cultura, ambiente de trabalho e liberdade, também possuem fundamental.
Mariana Dias reflete o papel da tecnologia nesse processo: “A cultura das empresas têm se modificado muito rápido. Existe uma adaptação nesse momento para o online, mas há também algumas mudanças. E a inteligência artificial vem com um suporte para detectar essas modificações e fazer ajustes já no processo seletivo”.
Dessa maneira — e como em tantas outras áreas e setores—, o recrutamento tem entendido que só é possível ganhar em agilidade sem perder em eficiência utilizando de tecnologia. Por isso que, nos últimos anos, vimos um grande crescimento do uso de I.A. em processos seletivos.
Segundo a Gartner, 17% das organizações já utilizam soluções de RH baseadas em inteligência artificial e outros 30% planejam fazer o mesmo até 2022. Isso nos mostra que o setor está em busca de:
- automatizar trabalhos manuais;
- utilizar dados avançados para People Analytics;
- reduzir custos e aumentar agilidade dos processos;
- melhorar a experiência dos candidatos e colaboradores.
A tecnologia e a humanização do recrutamento
Para muitos profissionais de RH, tornar o setor mais tecnológico para humanizá-lo pode parecer algo paradoxal. Mas é importante entender que a tecnologia não deve eliminar os pontos de contato que um RH possui com as pessoas: na verdade, deve intensificar.
Atualmente, em todo o setor do RH, mais precisamente na área de recrutamento e seleção, existem diversos processos que demandam muito tempo dos profissionais. Muitas vezes de pouco valor, eles roubam de um profissional de recrutamento o tempo que poderia ser dedicado diretamente às pessoas.
Quando há uma preocupação demasiada em como recrutar, acaba-se não priorizando a qualidade desse recrutamento. Sendo assim, questões relacionadas à experiência do processo de seleção, alinhamento cultural e estruturação das entrevistas ficam em segundo plano.
E são essas ações que são deixadas de lado possuem grande impacto nos resultados de recrutamento. Segundo a pesquisa da PwC, 49% dos candidatos já recusaram uma oferta de emprego por causa de uma má experiência de recrutamento.
Mais estratégico, menos operacional
Até hoje, o recrutamento tem sido muito reativo. Agora, é preciso tornar mais estratégico todo o setor. Por isso, é fundamental investir em tecnologia que faça o trabalho duro pelo RH.
Boa parte da triagem e seleção de candidatos já pode ser feita com o auxílio de uma inteligência artificial. Essa tecnologia, quando bem desenvolvida, é capaz de reduzir vieses e discriminações contidas nos processos, tornando a seleção mais justa e diversa.
Pessoas são pilares
É mais relevante ter um RH focado em retenção e em gerar boas experiências do que apenas em processos manuais, porque essa é a base de uma cultura forte: pessoas engajadas e que abraçam o propósito da empresa.
“A área de Gente e Gestão tem que trazer isso pra diretoria. Porque é muito fácil só falar de número e performance, mas se as pessoas não estiverem bem, a performance não vai acontecer”, reforça Stefanie Ferracciu, diretora de Gente e Gestão da Gupy.
Sendo assim — e mais do que nunca —, pessoas estarão no centro da estratégia do RH. A partir de agora, é preciso pensar em como construir relacionamentos duradouros e como aproximar os profissionais do propósito da empresa de forma genuína.
Para o recrutamento, abraçar novas tecnologias é um passo significativo para uma área mais certeira e eficiente, ao mesmo tempo humana e participativa na estratégia da empresa.
Fonte: Inteligência Corporativa