Recentemente, a manufatura voltou a ser assunto, pois vem passando pela maior mudança da indústria em mais de um século. E isso se deve a alguns fatores: os empregos nacionais desapareceram em muitos países devido a globalização, a externalização da produção talvez esteja recuando para locais mais próximos e a automação ameaça substituir mais trabalhadores com o passar do tempo. A forma com que atualmente construímos e entregamos as mercadorias e os produtos que movem nossas vidas e economias está mudando radicalmente, e não parece querer parar tão cedo.
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De acordo com o professor Klaus Schwab, em seu livro “A Quarta Revolução Industrial”, estamos no meio de mais uma revolução industrial – a quarta. A primeira, ocorrida no final do século XVIII, teve como objeto principal as fábricas; a segunda, no início do século XX, focou nos automóveis; e a terceira, que aconteceu logo após a Segunda Guerra Mundial, apresentou ao mundo os computadores.
Como resultado dessas revoluções, produtos são manufaturados mais rápida e consistentemente. Além disso, os produtos que somos capazes de desenvolver estão cada vez mais complexos e valorizados pelos consumidores.
A nova revolução industrial que estamos vivenciando, é promovida por avanços que incluem manufatura inteligente, robótica, inteligência artificial e a Internet das Coisas (IoT). Além de instigar a indústria manufatureira a investir US$ 267 bilhões em IoT até 2020, a Indústria 4.0 está revolucionando a manufatura em outras cinco dimensões.
Manufatura e simulação
Novas ferramentas estão permitindo que as companhias criem e testem situações dentro do mundo virtual que simulem o processo de design e a linha de montagem antes de um produto de fato ser criado.
Essa etapa de simulação reduz o tempo de manufatura e garante que o processo fabril resulte no que as empresas pretendiam criar.
Visualizar a quarta onda – em 3D
Outro aspecto marcante dentro da área da manufatura é a impressão 3D, cujos resultados permitem a criação direta de produtos tangíveis usando uma única máquina.
Essa é uma mudança fundamental, uma vez que oferece muito mais possibilidades de desenhar um componente. Em uma dada categoria de produtos em que normalmente são necessárias seis peças, a impressão 3D pode atingir o mesmo resultado em uma única peça sem processos adicionais, tais como soldagem e aparafusamento.
A impressão 3D reduz o desperdício, pois recicla o plástico, e também o tempo de espera para substituição e transporte de peças. Suas consequências na produção em massa são várias, possibilitando avanços em produtos que vão desde brinquedos até equipamentos médicos.
Manufatura avançada
A automação é outro aspecto vital do futuro da indústria. Ela possibilita níveis de acuidade e produtividade que estão além da capacidade humana – até mesmo em ambientes que seriam considerados inseguros.
A nova geração da robótica é muito mais fácil de programar e usar, com capacidades como reconhecimento de voz e imagem que recriam tarefas complexas desempenhadas por humanos.
Outra vantagem dos robôs é que eles seguem exatamente o que lhes foi ordenado. E, embora a automação elimine alguns dos trabalhos mais chatos da manufatura, também cria novos empregos para uma mão de obra requalificada.
Fábricas inteligentes na nuvem
Além da robótica e da realidade virtual, os ambientes fabris também estão impulsionando avanços relativos à computação na nuvem e sensores inteligentes. Sensores inteligentes realizam tarefas como conversão de dados em diferentes unidades de medida, comunicação com outras máquinas, registro de estatísticas e de feedback, e desligamento de equipamentos caso surjam questões de segurança ou desempenho. Funcionando na IoT, podem rastrear e analisar quotas de produção, consolidar salas de controle e criar modelos de manutenção preditiva.
A IoT nos permite obter a informação certa no momento certo para tomar as decisões corretas, como se fosse um velocímetro mostrando a velocidade com que você está dirigindo em comparação a sua velocidade ontem.
A computação na nuvem permite que empresas extraiam e analisem informações que afetam a linha de produção. Os dados de realidade aumentada e virtual, bem como mais feedback dos clientes, terão um impacto substancial em pesquisa e desenvolvimento, dando aos consumidores mais coisas que querem, com mais velocidade e a custos mais baixos – um sistema que, por fim, estimulará a inovação.
Robôs em alta – gerenciados por humanos
Construir um setor manufatureiro melhor com realidade aumentada e virtual, robótica, análise de dados e equipamentos inteligentes, consequentemente gera uma dúvida importante: como será a mão de obra na Indústria 4.0?
Embora ainda haja grandes desafios pela frente, a perspectiva é boa – apesar da preocupação óbvia com a substituição de trabalhadores por robôs. A maior parte da automação é usada para trabalhos que seriam considerados inseguros ou impossíveis de serem realizados por humanos. Isso faz com que os robôs atuem mais como um complemento aos trabalhadores humanos, e não como substitutos. Dessa forma, conseguiremos cada vez mais aumentar nossa produção.
Ainda são necessárias pessoas que consigam gerenciar novas operações e robôs, programá-los e fazer sua manutenção. Assim como houve uma mudança do trabalho agrícola para o fabril no início do século XX, quase qualquer setor precisará de novos tipos de trabalhadores: os que saibam construir hardware, software e firmware; os que possam projetar a automação e a robótica; e os que consigam se adaptar e cuidar de novos equipamentos.
Nos EUA, na próxima década, cerca de 15 milhões de novos empregos serão criados como resultado direto da automação e da inteligência artificial, o que equivale a 10% da mão de obra do país, de acordo com estimativas da Forrester Research – muito embora a tecnologia também vá provocar desemprego.
A maior eficiência pode indicar um futuro brilhante para a indústria americana. A mudança para a manufatura inteligente economizará recursos de nossas corporações e se traduzirá em lucros maiores, mais empregos e economias mais saudáveis. Conforme nossas máquinas adentrarem uma era mais complexa, nossos trabalhadores e produtos também o farão, conduzindo simbioticamente uma nova era de produção.
Texto adaptado de: GE Reports Brasil