Existe um determinado tempo entre o surgimento de uma nova tecnologia e a descoberta do melhor uso que podemos fazer dela. A transformação digital é o motivo da 4º revolução industrial, a qual vivemos atualmente, onde as empresas tendem a se tornar mais inteligentes e tecnológicas.
LEIA MAIS:
Monitoramento da usinagem: qual a importância
A sociedade 5.0 e os avanços tecnológicos em prol da qualidade de vida
Refrigeração na usinagem: utilizar ou não?
O grande desafio, nesse caso, é a mudança cultural. Adotar novas ferramentas, integrar tecnologia da informação e tecnologia operacional, não adiantará em nada se a indústria não modificar o seu mecanismo de trabalho.
O cenário exige equipes diversificadas, seja em formação ou vivência pessoal. O cientista de dados, por exemplo, migra da área de negócios para a produção. O setor de tecnologia alia suas forças ao de operações. A internet das coisas permite que as máquinas gerem cada vez mais informações, que carecem de uma análise imediata. O sistema de gestão gera dados que alimentam a fábrica e vice-versa.
Como já citamos aqui, outro dos conceitos que mais ganha relevância é a diversidade. Equipes homogêneas acabam encontrando como obstáculo os mesmos erros e, caso queiram buscar a inovação, as empresas precisam estar dispostas a cometer novos erros.
As novas metodologias
Dentro da área de software, foram criadas, no início dos anos 2000, diversas metodologias ágeis com o objetivo de reduzir o tempo de desenvolvimento e tornar o produto mais próximos das reais necessidades dos usuários, com ciclos menores de programação.
Com o passar dos anos, tais metodologias passaram a ser aplicadas em diversas áreas das empresas. A transformação digital depende bastante da agilidade de toda a operação.
O cenário atual da transformação digital
A indústria brasileira percorrerá ainda um longo caminho rumo à transformação digital. Aliado a questão cultural, as empresas ainda enfrentam obstáculos também na adoção da tecnologia.
De acordo com o Projeto Indústria 2027, somente 1,6% das companhias nacionais adota atualmente tecnologias digitais avançadas. Em dez anos, a tendência é que esse percentual suba para 21,8%.
Das empresas ouvidas, apenas 15,1% têm projetos em execução para incorporar tecnologias digitais de última geração. A maioria delas (45,6%) realiza estudos iniciais ou tem planos aprovados sem execução, enquanto 39,4% não têm nenhuma ação prevista nessa área.
A pesquisa considerou os seguintes estágios tecnológicos digitais:
- Produção rígida, com uso pontual de tecnologias da informação e comunicação (TIC) e automação rígida e isolada;
- Automação flexível ou semiflexível, com uso de TICs sem integração ou integração apenas parcial entre áreas da empresa;
- Uso de TICs integradas e conectadas em todas atividades e áreas da empresa.
- Produção conectada e inteligente, com tecnologias da informação integradas, fábricas conectadas e processos inteligentes e capacidade de subsidiar gestores com informações para tomada de decisão.
O estudo também mostrou que 77,8% das empresas estão nos estágios 1 e 2. Contudo, em uma década, a maioria deve passar para 3 e 4.
O Projeto Indústria 2027 é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com as universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estadual de Campinas (Unicamp).
Outro estudo da área, este realizado pela Dell junto da Intel, mostrou um quadro onde somente 6% das empresas brasileiras de médio e grande porte podem ser consideradas líderes digitais. Apesar da minoria estar pronta, 37% contam com um plano digital concreto e investem em inovação e 33% investem de forma gradual e com maior cautela.
Por outro lado, as empresas nacionais que se movem lentamente atingem a marca de 22%. Já 2% das empresas não contam com nenhum plano digital. Conduzida pela Vanson Bourne, a pesquisa ouviu 4,6 mil grandes e médias empresas em 42 países, incluindo o Brasil.
A educação e o mercado de trabalho
O Brasil terminou o ano de 2018 com 12,2 milhões de desempregados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, na época, existiam 250 mil vagas para profissionais de tecnologia no país, com dificuldade de serem preenchidas.
Esse é um problema que tende a aumentar, com trabalhadores no mercado que não estão preparados para ocupar as posições disponíveis nas empresas.
A transformação digital exige profissionais capacitados para trabalhar com ferramentas tecnológicas sofisticadas. Mesmo o mais avançado sistema de inteligência artificial não consegue fazer tudo sozinho. Dessa forma, é correto afirmar que não conseguiremos resolver a questão da produtividade da economia brasileira sem educação e treinamento.
Um estudo da consultoria McKinsey apontou que a possibilidade de trabalhadores humanos serem totalmente substituídos por robôs afeta menos de 5% das profissões. Entretanto, caso analisemos as atividades desempenhadas por um profissional diariamente, esse percentual alcança 50%, com o advento das tecnologias atuais.
Em outras palavras, a tendência é que as pessoas trabalhem, cada vez mais, ao lado de robôs, seja ele físico ou digital. O relatório da McKinsey aponta também que essas atividades que podem ser exercidas hoje por máquinas equivalem a quase US$ 16 trilhões em salários em todo o mundo.
Diante disso, as empresas devem encarar com urgência a mudança na forma de trabalho, além de haver um esforço da iniciativa privada, governo e academia a fim de prepararmos pessoas suficientes para a transformação digital.