Assim que a pandemia do novo coronavírus levou o Brasil ao estado de calamidade, um dos impactos mais temidos era o do desabastecimento, seja em supermercados, seja no sistema de saúde.
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Marketing Industrial: a nova revolução do setor
Ainda que os efeitos sanitários e econômicos do coronavírus permaneçam após meses de pandemia, o setor industrial tem agido de forma a ajudar o Brasil a atravessar esse período de crise que enfrentamos.
Em todo território nacional, o setor produtivo mostrou solidariedade e velocidade de resposta, realizando ajustes rápidos em linhas de produção para atender necessidades básicas da população.
Inúmeras indústrias de todo o país hoje estão envolvidas em iniciativas coletivas ou individuais, que vão de grandes empresas até pequenas indústrias.
Como por exemplo, a iniciativa de pequenas e médias indústrias e makers em conjunto com universidades e institutos de pesquisa, que estão produzindo milhares de protetores faciais (face shields) em impressoras 3D para serem entregues aos profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia.
Indústria e poder público
A indústria e o poder público estão trabalhando juntos visando melhorar a capacidade de prevenção, diagnóstico e superação do novo coronavírus. Construção de centro de tratamento à Covid-19; produção de álcool 70%, produtos de limpeza, máscaras e aventais hospitalares para a distribuição gratuita para comunidades carentes e unidades hospitalares; aumento na produção e conserto de respiradores mecânicos; cursos on-line gratuitos e um edital de inovação no valor de R$ 10 milhões para apoiar projetos que ajudem na prevenção, diagnóstico e tratamento da covid-19. As ações se multiplicam para ajudar o Brasil nesse embate.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Evaldo Lodi (IEL) têm liderado iniciativas próprias e estimulado o setor produtivo a dar a sua contribuição, diante de um momento extremamente desafiador com a paralisação de parte das atividades produtivas.
As ações articuladas com governos estaduais, prefeituras e entre as próprias empresas levam produtos básicos para áreas vulneráveis e reforçam a importância da integração entre lideranças empresariais e políticas para o Brasil superar este momento.
Tendências e desafios
Um levantamento da KPMG apontou as principais tendências e desafios para o setor de mercados industriais no atual cenário de pandemia do novo coronavírus. O documento traz ainda considerações sobre o padrão de retomada para companhias deste segmento, abordando temas como quedas na produção industrial e a diminuição na fabricação, venda e exportação de veículos automotivos.
Para o sócio-líder do setor de mercados industriais da KPMG no Brasil, Ricardo Bacellar, neste momento de alta criticidade é fundamental que a indústria tenha acesso a informações qualificadas.
“Diante desse cenário, é necessário ter informações que suportem as decisões estratégicas de negócios e acompanhem com extremo cuidado as eventuais alterações de percepção de valor de compra dos consumidores. Estes dois elementos serão cruciais para ditar o rumo dos próximos passos na retomada”, analisa.
Segundo o levantamento, alguns dos principais desafios enfrentados por empresas do setor em virtude pandemia são:
- Paralisação/redução da produção com modelo de trabalho remoto.
- Dificuldade de conseguir insumos e matéria-prima.
- Queda acentuada na demanda, no faturamento e dificuldades de caixa – cancelamento de pedidos, atrasos em contas a receber.
- Redução de oferta significativa de capital de giro no sistema financeiro.
- Incertezas dos programas governamentais para o momento de retomada.
- Pagamentos dos compromissos assumidos.
- Produção: distanciamento social levou ao fechamento das plantas de toda a cadeia e os entes menores sentem ainda mais os problemas de caixa. Retenção de pessoas e câmbio elevado na importação de peças pressionam margem de lucro e retomada de operação.
- Vendas: distanciamento social levou ao fechamento das lojas, amplificando o problema da carência de oferta de serviços alternativos ligados à mobilidade e estratégia online mais robusta.
- Exportação: a demanda do maior destino de exportação, a Argentina, que já estava fraca devido à crise econômica, piorou ainda mais. A falta de uma estratégia de exportação mais robusta e diversificada dificulta a busca de alternativas, pois os produtos locais têm grau de competitividade em vários mercados target.
Já as principais tendências para o setor industrial destacadas pelo estudo são as seguintes:
- Reinventar o processo comercial e formas de geração de receita.
- Fortalecimento da gestão do caixa.
- Adequação da força de trabalho e gestão de pessoas.
- Negociações com autoridades com foco em subsídios pós pandemia.
- Digitalização e automação da indústria.
- Cadeia de suprimentos + Gerenciamento de riscos de terceiros (exemplo: dependência da China)
- Maior comunicação entre agentes na cadeia e conectividade.
- Diversificação dos negócios (conglomerados).
- Remodelagem da governança corporativa.
- Revisão do orçamento e fluxo de caixa do exercício, com foco na liquidez.
- Foco em redução de custos operacionais.
- Foco na eficiência de gestão de estoques (produtos acabados e peças).
- Revisão de acordos com fornecedores e revendedores.
- Avaliação de oportunidades de fusões e aquisições entre fornecedores e revendedores para torná-los mais estruturados.
- Revisão de modelos de cadeia de suprimentos.
- Medidas de apoio governamental setorial.
- Fortalecer estratégia de diversificação de negócios e vendas online.
O papel da Indústria 4.0
O coronavírus e a indústria não combinam bem, mas, apesar de todos os desafios, os gerentes da cadeia de suprimentos podem criar resiliência em meio à atual pandemia.
Existem muitas variáveis em constante mudança. Algumas indústrias, como a do agronegócio, estão tentando avançar para um modelo “direto ao consumidor”.
Essa é uma mudança que pode persistir muito tempo depois que a crise sanitária passar, onde pular as etapas de processamento e envio se tornaria o novo padrão para muitos produtos que não eram distribuídos dessa maneira antes.
Enquanto as cadeias de suprimentos estão contratando de global para local e vice-versa, as cadeias de suprimentos sempre dependem de muitas partes móveis.
Portanto, independentemente das mudanças que estamos vendo, a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças continuará sendo crucial. E é por isso que a transição para a Indústria 4.0 não é mais opcional. Ela passou a ser mandatória.
Reinvenção e evolução
A realidade é que os impactos iniciais da pandemia no setor industrial foram grandes e a necessidade de rapidez na adaptação transformou todo o setor.
A tendência é que essa transformação seja contínua, uma vez que novas crises podem ocorrer, e com isso, a indústria já estaria preparada para enfrenta-la.
Em resumo, esse período, ainda sem data de término, nos mostrou a importância da reinvenção e prevenção, além de colocar em cheque a força do setor – que, por sinal, se mostrou maior do que imaginávamos.
O mundo segue em pandemia e o Brasil segue produzindo, com visão, estratégia e se transformando todos os dias.
Fontes: Energia que fala com você |CNI | Ipesi | Usinagem Brasil