Nas últimas décadas, o Brasil veio expandindo a área de atuação dentro da indústria aeronáutica, com o objetivo de aumentar sua autonomia no ramo aeroespacial.
Esse crescimento alcançou expressividade no cenário de exportações. Entretanto, na sua origem, as características e objetivos eram diferentes, com por exemplo o foco no abastecimento do setor de defesa nacional.
LEIA MAIS:
Marketing Industrial: a nova revolução do setor
Instrumentos de medição: história e evolução
Evolução da Manufatura Aditiva (Impressão 3D)
Mas, afinal, como o setor passou do atendimento exclusivo às forças armadas para o atual propósito de alavancar as vendas internacionais?
Conheça alguns pontos importantes sobre a história da indústria aeronáutica no Brasil. São questões essenciais para entender como aconteceram os principais marcos da área no país.
Santos Dumont
Não há como falar da história da aviação brasileira, sem citar o símbolo Alberto Santos Dumont, ou apenas Santos Dumont.
Considerado por muitos o pai da aviação, desde jovem, Dumont era fascinado por motores à combustão. Ele tinha como sonho a criação de um aparelho que permitisse ao homem voar com total controle do próprio curso.
No ano de 1906, Santos Dumont e o famoso avião 14-Bis, conseguiram realizar o tão sonhado feito. Em um aeroclube da França, um aparelho mais pesado do que o ar voou, diante de uma comissão fiscalizadora, a 80 centímetros do chão e a uma distância de 60 metros.
Dias depois do primeiro feito, sob o olhar de uma nova plateia, foi realizado mais um voo, com o trajeto total de 220 metros a cerca de 6 metros do chão. Foi então que o brasileiro ficou mundialmente conhecido e colocou o país na rota do desenvolvimento da aeronáutica.
Monoplano monomotor São Paulo (1910)
Após os feitos admiráveis de Santos Dumont, em 1910, foi registrado na América do Sul, assim como foi na França em 1906, o primeiro voo de um objeto mais pesado do que o ar, que chegou a percorrer uma distância de 100 metros a uma altura de 4 metros.
Essa aeronave era conhecida como o “Avião São Paulo”, o primeiro totalmente construído em solo brasileiro. O protótipo sobrevoou um terreno da cidade de Osasco, em São Paulo, sob o comando do aviador francês Dimitri Sensaud Lavaud.
Como é possível observar, até então, as primeiras iniciativas focadas na expansão do crescimento da aviação nacional ocorreram em caráter individual. Contudo, tais iniciativas pessoais, realizadas por aficionados, inspiraram feitos que contribuíram de maneira singular ao desenvolvimento da aviação brasileira.
Primeira Guerra Mundial
Porém, foi somente após a 1ª Guerra Mundial que teve início a implantação de uma fábrica de aviões no país, ocorrendo por intermédio do Industrial Henrique Lage. Sendo um especialista em linhas de navegações marítimas, Lage percebeu que a aviação consistia em uma tendência promissora e mudou os rumos de seu empreendimento.
Foi então que, por meio da sua Companhia Nacional de Navegação Aérea (CNNA), Lage assinou contrato com fábricas inglesas dando início a produção, no Rio de Janeiro, de aviões e motores aeronáuticos.
Avanços na década de 1940
Anos mais tarde, já na década de 1940, iniciou-se uma nova fase do transporte aéreo brasileiro, com a criação de mais de 20 empresas do segmento.
Esse surgimento em larga escala foi motivado pela instalação do Ministério da Aeronáutica. Além das demandas da 2ª Guerra Mundial, que ocorria na Europa. Em razão da expectativa de uma possível participação do Brasil no conflito, dentre outras questões, a requisição de aviões disparou.
Com o desenvolvimento e domínio da tecnologia espacial sendo cristalizada aos poucos, surgiu a necessidade de reunir todos os avanços alcançados em um único polo. Nele seriam agrupados e organizados todos os conhecimentos e tecnologias nacionais até então alcançados na área da aviação.
A Criação da Embraer
A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A), em 1969, se tratava de um projeto de concretização de um plano militar, tendo como cofundador o competente engenheiro aeronáutico Ozires Silva. Esse plano tinha como meta estabelecer uma indústria aeronáutica soberana no país, assim como o exemplo das indústrias petrolíferas e siderúrgicas.
A Empresa tinha capital misto, sendo 51% das ações pertencentes ao Estado e 49% destinadas ao capital aberto. Como marco dessa criação, os engenheiros brasileiros tiveram o desafio de criar um avião bimotor turbo-hélice de 12 lugares. Esse avião ficaria conhecido em todo o mundo pelo nome de Bandeirante.
Logo em seguida, a fim de incentivar o progresso desta indústria, o governo brasileiro encomendaria uma quantidade expressiva de aeronaves para aquecer seu capital interno.
Na década de 1990, a empresa passou por um processo de privatização, cujo status permanece até hoje.
A trajetória da indústria aeronáutica no Brasil
Desde o início de sua trajetória, a indústria de aviação brasileira buscou se estabelecer e se fixar no cenário econômico de forma sustentável.
Esse início mencionado pode ser caracterizado como a primeira de três fases. A segunda foi marcada pelos acontecimentos desenrolados na década de 1930. Nessa época foi criado o Departamento de Aviação Civil. Na década de 1940 tivemos o surgimento do Ministério da Aeronáutica. E, finalmente, a criação da Embraer, no fim da década de 1960.
A terceira fase corresponde à pós-privatização. A característica principal é o alcance de um novo patamar da indústria para o nível internacional. Em cenários econômicos avaliados há alguns anos, a Embraer chegou a ocupar o terceiro lugar no mundo entre as maiores empresas do segmento, perdendo somente para a Boeing e Airbus.
Essa característica evidencia o potencial que este mercado possui e valiosas oportunidades que podem se apresentar.
Mercado para os engenheiros
Para os engenheiros, o mercado da indústria aeronáutica encontra-se em ampla expansão. Seja para a aplicação civil, seja para a aplicação militar, helicópteros e aviões, revela um potencial enorme de demanda para os próximos anos.
Além disso, graças aos avanços tecnológicos, novos investimentos estão surgindo. A intenção é buscar produtos cada vez mais eficientes e inovadores, com a exigência de serem leves, resistentes e duradouros.
Outra questão importante relaciona-se com o fato de que existem vários pólos brasileiros de pesquisa. Tais pólos atuam em projetos e produção de aeronaves, preparando profissionais para executar adequadamente suas funções.
Fonte: Engenharia Aeronáutica
Comments are closed.